Dra. Luciana Benatti (Otorrinolaringologista) | CRM 61.793
Tontura é uma das queixas clínicas mais comuns, estando entre as 10 principais causas de procura pelo pronto-socorro. As causas são muito diversificadas, podendo ter como origem doenças vestibulares, psicológicas, metabólicas, cardiológicas e neurológicas.
Para chegar ao diagnóstico, é importante a definição dos sintomas do paciente e para isso são considerados os seguintes conceitos:
• Vertigem: sensação de movimento rotatório em torno de si mesmo ou do ambiente, quando a pessoa está em repouso ou em movimento principalmente da cabeça;
• Desequilíbrio: sensação de cair para os lados;
• Sensação de cabeça vazia ou de estar flutuando;
• Síncope: sensação de perda de consciência.
Dentre as vertigens de origem vestibular, a mais frequente é a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), sendo mais comum nas mulheres. Nesse caso, o paciente sente movimentos rotatórios com a mudança da posição da cabeça, como quando se vira na cama ou quando olha para cima. A VPPB é causada pelo deslocamento de pequenos cristais de carbonato de cálcio nos canais semicirculares (mais comum no canal posterior) presentes dentro do crânio.
Outra patologia comum é a labirintite, que ocorre em decorrência de uma infecção viral ou bacteriana aguda no ouvido interno, geralmente relacionada com infecções de vias aéreas superiores ou otites; nesses casos, o paciente pode também referir sintomas de zumbido e perda auditiva e, em alguns casos, dor.
Neurite vestibular, por sua vez, é uma neuropatia periférica aguda que geralmente acontece com reativação de infecção viral do herpes simples, causando vertigem de início aguda, sem perda auditiva ou zumbido, mas a perda de equilíbrio piora com a mudança da posição da cabeça.
A Doença de Meniére é pouco comum, mas pode ocorrer em qualquer idade. Ainda é considerada de causa desconhecida, porém, sabe-se que ocorre inchaço dos canais da orelha interna (hidropsia endolinfática). Tal patologia é caracterizada por vertigem e perda auditiva flutuantes (o som “vai e volta”), associada a zumbido e sensação de plenitude auditiva (“abafamento dos sons”).
Outras causas que podem desencadear tonturas são tumor e pós-operatório de ouvido.
Doenças metabólicas como hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, alterações hormonais e doenças autoimunes podem levar à tontura, que melhora quando há estabilidade da doença de base.
As doenças cardiovasculares como arritmia, infartos, doença de Chagas e embolia pulmonar podem estar associadas à tontura do tipo pré-síncope ou síncope, ou seja, aquela em que há sensação de cabeça vazia, escurecimento da visão e, até mesmo, perda da consciência.
Por sua vez, dentre as tonturas de origem neurológica, a mais comum é a enxaqueca vestibular, geralmente de origem familiar, onde as queixas se associam a: irritabilidade à luz (fotofobia), irritabilidade a sons (fonofobia), dor de cabeça e náuseas, podendo permanecer por horas ou dias. Outras doenças neurológicas, como tumores cerebrais, esclerose múltipla e sequelas de AVC podem ser causa de tontura prolongada.
Todas estas doenças merecem avaliação e investigação, visando um tratamento adequado para cada indivíduo. Muitos desses sintomas podem ser melhorados com tratamento clínico, cirúrgico e até mesmo com terapia de reabilitação vestibular.