Em seu livro “Tempo de Vida – Por que Envelhecemos e Por que Não Precisamos” (Altacult), o renomado professor de genética David A. Sinclair afirma que a velhice é uma doença que pode ser tratada e, em breve, estará preparada para vencer tal patologia. No capítulo “A forma das coisas no futuro”, Sinclair prevê: “…novas tecnologias surgirão nos próximos anos para contribuir no sentido de termos um tempo de vida mais longo e saudável.
O monitoramento do DNA em breve alertará os médicos sobre doenças muito antes de elas se tornarem agudas. Vamos identificar e começar a combater o câncer anos antes. Se você tiver uma infecção, ela será diagnosticada em minutos. Se seu batimento cardíaco estiver irregular, o assento do carro lhe informará. Um analisador de hálito detectará uma doença imunológica começando a se desenvolver. As teclas digitadas no teclado sinalizarão a doença de Parkinson ou esclerose múltipla precoce. Os médicos terão muito mais informações sobre seus pacientes, e terão acesso a eles muito antes de chegarem a uma clínica ou hospital. Erros médicos e de diagnóstico serão reduzidos. O resultado de qualquer uma dessas inovações pode significar décadas de vida saudável prolongada.
Digamos que todas essas tecnologias juntas nos deem mais uma década de vida.
Quando as pessoas aceitarem que o envelhecimento não é inevitável, cuidarão melhor de si mesmas? Eu fiz isso. Parece que a maioria dos meus amigos e familiares também. Mesmo sendo os primeiros a adotar ações biomédicas e tecnológicas reduzindo o ruído nos epigenomas e vigiando os sistemas bioquímicos que nos mantêm vivos e saudáveis, notei uma tendência a ingerir menos calorias, reduzir aminoácidos animais, fazer mais exercícios e estimular o desenvolvimento da gordura marrom com uma vida fora da zona termoneutra.
Esses são os remédios disponíveis para a maioria das pessoas, independentemente do status, e o impacto na vitalidade foi bem estudado. Dez anos saudáveis adicionais não são uma expectativa absurda para quem se alimenta bem e se mantém ativo.
Moléculas que reforçam nosso circuito de sobrevivência, colocando nossos genes de longevidade em funcionamento, concederam entre 10% e 40% mais anos saudáveis a animais. Mas vamos com 10%, o que nos dá mais 8 anos. São 18 anos no total.
Quanto tempo levará para que possamos redefinir nosso epigenoma com moléculas que ingerimos ou modificando geneticamente nossos corpos, como meu aluno agora faz em ratos? Quanto tempo até que possamos destruir células senescentes com medicamentos ou vacinação definitiva? Quanto tempo até que possamos substituir partes dos órgãos, cultivá-los inteiros em animais de fazenda geneticamente modificados ou criá-los em uma impressora 3D? Algumas décadas, talvez três.
No entanto, uma ou todas essas inovações estão chegando em meio a tempos de vida cada vez maiores para muitos de nós. E, quando isso acontecer, quantos anos mais teremos? O potencial máximo pode ser de séculos, mas digamos que sejam apenas 10 anos. São 28 anos.
No momento, o tempo médio de vida no mundo desenvolvido é um pouco mais de 80 anos. Adicione 28 anos a ele.São 108 anos, uma estimativa conservadora da expectativa de vida no futuro, desde que a maioria das pessoas faça parte da jornada. E lembre-se de que significa que mais da metade da população excederá esse número. É verdade que nem todos esses avanços serão cumulativos, nem todos se alimentarão bem e se exercitarão. Mas considere também que, quanto mais vivermos, maiores as chances de nos beneficiarmos de avanços médicos radicais que não podemos prever. E os avanços que já fizemos não desaparecerão”.